A ilha de Ítaca localiza-se no noroeste da Grécia e faz parte de um grupo de ilhas situadas no Mar Jônico. Pertence à prefeitura de Cefalônia, a maior desse arquipélago.
A Odisséia é um grande clássico da literatura ocidental, atribuída a Homero e seus primeiros registros são do século VIII A.C., mas acredita-se que seja bem anterior a essa data, tendo sido passada de geração em geração através da tradição oral.
Narra, através de versos, a saga de Odisseu, também conhecido por Ulisses na versão latina, após o final da Guerra de Tróia, em seu retorno para casa. Odisseu almeja reencontrar a esposa, Penélope, e seu filho Telêmaco. No percurso, enfrenta as mais diversas dificuldades, desde a fúria até o apoio dos deuses da Mitologia Grega.
Esta obra está na minha "lista de próximos livros". A lista só aumenta! :-) Enquanto isso, tenho assistido vídeos e lido algumas resenhas sobre a obra.
Muitos séculos depois, o poeta grego Konstantínos Kaváfis aborda o tema do retorno para casa, "o caminho até Ítaca", uma metáfora à nossa odisseia pessoal, de forma distinta: aproveite o caminho, aprecie a paisagem, aprenda o que for possível, mantenha o objetivo (Ítaca) em mente, mas não apresse a caminhada.
Poesia e o café da manhã
Além do café, pão, frutas... considero que o café da manhã está completo quando temos ao alcance uma boa dose de poesia. Ler um jornal, assistir ao noticiário, acompanhar as notícias pela internet, ler uma poesia... são tantas as formas de começar bem o dia!
Sempre que consigo reservar um momento para um café da manhã em ritmo mais lento, com o tempo adequado para saborear a refeição, procuro ler um poema; busco inspiração num ritmo e leveza que só se encontra na poesia. De outra forma, os compromissos do mundo nos imprimem um ritmo acelerado demais.
A poesia me agrada, logo no café da manhã, porque assim já me conecto com a sensibilidade necessária para enfrentar a dura realidade que observamos ao nosso redor e, se não nos dermos conta, nos deixamos contaminar por um ritmo e valores que não são nossos.
Quando reflito sobre o café da manhã "ideal", considerando os nutrientes e a dignidade humana, fico a pensar nas pessoas que não têm acesso à primeira refeição do dia. Precisamos evoluir muito em termos de solidariedade e busca do melhor para todos.
Considero que, além do café e do pão, a poesia é também um "produto de primeira necessidade".
imagem ilustrativa da internet
Compartilho um poema a ser saboreado em cada palavra. Aprecie também os versos do grande poeta grego, Konstantínos Kaváfis. Boa pedida para o café da manhã!
Ítaca
Se partires um dia rumo a Ítaca,
Faz votos de que o caminho seja longo,
Repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
Nem o colérico Poseidon te intimidem;
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento, se sutil
Emoção teu corpo e teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
Nem o bravio Poseidon hás de ver,
Se tu mesmo não os levares dentro da alma,
Se tua alma não os puser diante de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais, com que prazer, com que alegria,
Tu hás de entrar pela primeira vez um porto
Para correr as lojas dos fenícios
E belas mercancias adquirir:
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
E perfumes sensuais de toda a espécie,
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
Para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim,
Rico de quanto ganhaste no caminho,
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu, se as acha pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
E agora sabes o que significam Ítacas.
Tradução de José Paulo Paes
Ítaca, ilha grega localizada no Mar Jônico



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