sábado, 19 de março de 2022

A singularidade das bibliotecas, livrarias e sebos 📚

Considero as bibliotecas, livrarias e sebos* lugares especialmente "mágicos", singulares e fantásticos! Tenho lembranças  muito agradáveis de várias bibliotecas ao longo da caminhada. Livrarias e sebos, também. Nesses locais, perdemos a noção do tempo.

As bibliotecas fazem parte da nossa vida desde cedo, principalmente através das escolas. Aquela salinha mágica  nas escolas fundamentais em quem os livros ficavam guardados e disponíveis para consulta, pesquisa para os trabalhos escolares, leitura e empréstimo de livros... e as grandes bibliotecas das universidades. Como seria importante que todas as crianças tivessem acesso à educação de qualidade, acesso aos livros e às bibliotecas!

Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro - Brasil https://www.realgabinete.com.br/

Ao longo do tempo, ao desenvolver o gosto pelos livros e pela leitura, descobrimos as bibliotecas públicas da nossa cidade e das cidades vizinhas. Bela surpresa descobrir que os livros também se encontram em lugares maiores, com mais opções de obras para empréstimo e aquele ambiente silencioso, cheio de jovens de todas as idades fazendo suas pesquisas, livros raros para a leitura no local ou simplesmente serem apreciados, e o cheiro de livro a cada estante.

Podemos visitar bibliotecas antiquíssimas e também as recém-inauguradas, modernas. Desde a antiguidade, as bibliotecas são lugares de estudos, pesquisa, armazenamento de saberes, coleções e mais coleções de livros. Essas, são preciosidades repletas de charme e nostalgia. 

Nas cidades, entre seus prédios públicos, como as escolas, hospitais, museus, teatros... as bibliotecas ocupam lugar de destaque. Podemos encontrar bibliotecas com coleções sobre os mais variados temas, bem abrangentes, e também, bibliotecas mais específicas, setoriais,  sobre artes, música, engenharia, botânica e assim por diante.

Na Babilônia, placas de argila, e no Antigo Egito, pergaminhos eram o equivalente aos livros de papel que conhecemos hoje em dia. Com o avanço tecnológico e o advento da internet, podemos acessar  bibliotecas inteiras através de sites ou aplicativos. Praticamente todo o conhecimento da humanidade ao alcance dos nossos computadores e celulares. 

É quase inevitável nos perguntarmos: qual o futuro das bibliotecas físicas? Num futuro breve, teremos bibliotecas como as que conhecemos hoje? Eis a questão! E as livrarias e sebos? Espero que sim!

Quando viajo para conhecer novas cidades, no Brasil ou no exterior, procuro visitar suas bibliotecas e livrarias. Uma biblioteca abriga muita história sobre o lugar, há livros dos autores locais, eventos culturais da região... E as livrarias, ah... gosto de observar a forma como os livros são organizados e expostos em cada cidade, a criatividade dos livreiros, os livros que estão em destaque, os livros raros que encontramos, mesmo sem estar procurando... programação agradabilíssima com incríveis descobertas!

Livraria Atlantis Books, Santorini - Grécia https://www.instagram.com/atlantisbooks/

Na Itália, fiquei encantada ao conhecer a Biblioteca Ambrosiana, em Milão e também, a Biblioteca Teresiana, em Mântova. Esplendores em forma de bibliotecas.  Quanta história e beleza nestes lugares! Parece que o tempo parou para que aqueles livros e todo aquele acervo antiquíssimo fosse guardado com tanto esmero. Cada cidade italiana e dos outros países da Europa, preservam suas bibliotecas.

Biblioteca Teresiana de Mântova - Itália https://www.bibliotecateresiana.it/index.php

Em algumas cidades, as livrarias estão associadas a cafés  e confeitarias. Daí temos a combinação perfeita! Um bom café e alguns minutos para apreciar um bom livro... dos grandes prazeres simples da vida, ao nosso alcance na agitação do cotidiano.

No Brasil, nos últimos anos, temos constado o fechamento de livrarias. É um fenômeno bem triste para a nossa sociedade. Costumo dizer que "para cada livraria que se fecha, abrem duas farmácias", ou algo assim. Livrarias e bibliotecas são espaços de saúde, renovação de ideias, ampliação de horizontes, descobertas, reflexões. Deveriam ter mais incentivos para se fortalecerem e para que novas livrarias sejam abertas. No entanto, posso citar a Livraria da Travessa no Rio de Janeiro - RJ e a Livraria Cultura em Porto Alegre - RS, como belos exemplos de livrarias.

Das livrarias que conheci  em outros países e que gostei bastante, em que valeu cada segundo que estive naqueles ambientes, posso destacar: Livraria El Ateneo - Buenos Aires, na Argentina; Libreria Acqua Alta - Veneza, na Itália e a Atlantis Books - Santorini, na Grécia. Lugares mágicos! Estabelecimentos em que os livros e o próprio ambiente são atrações daquelas cidades. Tornaram-se pontos turísticos, bibliófilos de todo o mundo fazem questão de ir até esses locais para adquirir algum livro inusitado ou simplesmente, registrar uma foto.

Livraria El Ateneo, Buenos Aires - Argentina https://www.yenny-elateneo.com/local/grand-splendid/

Em Florianópolis - Santa Catarina, especificamente, já tivemos livrarias tão interessantes que foram sendo fechadas: a Livraria Lunardelli, a Livraria Cuca Fresca, a Livraria Livros & Livros no Centro da Cidade, a Livraria Saraiva no Shopping Beiramar, a Livraria Vozes, entre outras. Das grandes livrarias, restaram a Livrarias Catarinense no Centro da cidade e no Shopping Beiramar, a Livraria Nobel no Floripa Shopping, a Livraria Saraiva no Shopping Iguatemi e a Livraria Livros & Livros, na UFSC. (posso ter esquecido de citar algumas)

Dos sebos, destaque para a Desterrados - Fotografia, Literatura e Arte, o Sebo Império e o Sebo Mafalda, entre tantos outros, espalhados pela cidade. Alguns sebos itinerantes ou localizados em feiras também valem a visita, por exemplo, na Praça dos Bombeiros, no Centro da cidade durante a semana e na Feira de Santo Antônio de Lisboa, aos sábados à tarde.

Desterrados - Fotografia, Literatura e Arte, em Florianópolis - SC / Brasil https://www.instagram.com/desterradosartes/

Tenho uma lista de livrarias e bibliotecas para conhecer ao redor do mundo e não sei se conseguirei conhecer um décimo dessa lista. No entanto, fico feliz por saber que esses lugares existem, espaços tão lindos, dedicados aos livros e à leitura. Gostaria de conhecer, por exemplo, a Livraria Ler Devagar e a  Livraria Lello, em Portugal, a Albertine Books, em Nova Iorque e a Shakespeare and Company, em Paris. Seria bem fácil fazer uma lista com as cem livrarias mais incríveis pelo mundo.

Livraria Ler Devagar - Lisboa, Portugal https://lerdevagar.com/

Quanto às bibliotecas históricas ou mesmo as mais modernas, a lista das mais interessantes também é imensa: Biblioteca de Alexandria - Egito, Biblioteca do Trinity College em Dublin - Irlanda,  Biblioteca da Cidade de Stuttgart - Alemanha, Biblioteca Pública de Nova Iorque,  Biblioteca Nacional da China, Bibliothèque de Sainte-Geneviève  em Paris - França, Biblioteca Nacional da República Tcheca em Praga, Biblioteca de Admont - Áustria, Biblioteca Britânica em Londres - Inglaterra, Biblioteca Nacional da Grécia, Real Gabinete Português de Leitura  no Rio de Janeiro - Brasil e tantas outras.

"Sempre imaginei o paraíso como uma espécie de biblioteca." Jorge Luís Borges, escritor argentino (Buenos Aires, 24/08/1899 - Genebra - Suíça 14/06/1986)

Do nosso gosto pelos livros e pelo conhecimento, começa o desejo de formar uma biblioteca pessoal. Um espaço organizado para os livros que ganhamos de presente e aqueles que vamos adquirindo nas passagens pelas várias livrarias e sebos que encontramos.

A esse respeito, gosto do conceito de antibiblioteca de Umberto Eco (Itália, 05/01/1932 - 19/02/2016). O escritor, filósofo, linguista, semiólogo e bibliófilo  italiano possuía em seu acervo mais de 30 mil livros. Dizia que, mais importante do que os livros que já tinha lido, eram os livros que ainda não lera. Esses livros, em sua biblioteca, estavam à sua disposição, como fonte de pesquisa. Tenho bem menos livros do que gostaria de ter, lidos e não lidos,  no entanto, a cada livro que leio, devo comprar uns três ou quatro. O desafio é encontrar o tempo necessário para a leitura. Por isso, penso que os momentos de troca de ideias sobre os livros que já lemos é tão importante: o intercâmbio, a troca de ideias sobre os livros que talvez não conseguiremos ler, pois uma vida é pouco para tantos livros interessantes.

E você? Como é a sua relação com os livros, livrarias e bibliotecas?

Possamos manter vivas as nossas bibliotecas, livrarias e o hábito da leitura e escrita.

Boas descobertas nesses ambientes maravilhosos! Permita-se usufruir o prazer de ler!

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* Sebos - No Brasil, são os estabelecimentos comerciais para a venda e troca de livros usados. Podem se localizar em lojas físicas ou itinerantes, ao ar livre, ou ainda, online. Em Portugal, são conhecidas por Alfarrabistas.

domingo, 13 de março de 2022

Leituras, Reflexões e a Prática da Paz

A paz é essencial à vida na Terra. Não há como defender a guerra. Todo o dinheiro, o ouro e o petróleo do mundo não valem uma única vida. Governantes, com tanto estudo, poder e conhecimento, decidem sobre a vida e a morte de inocentes. Carecemos de sabedoria, espírito pacífico, compaixão, humildade e empatia.

Enquanto não conseguirmos conviver em paz, entre as pessoas e entre os países, talvez o ideal seria  administrar os conflitos de modo a manter a vida e a paz. Para isso, é necessário respeitar as diferenças, estar disposto a escutar e a cooperar, mais do que competir.

O mundo em que vivemos ainda apresenta-se muito bélico. Os países estão armados e as pessoas, também. Pelo pouco que entendo de resolução de conflitos, quando duas partes não conseguem se entender, um terceiro entra na conversa para mediar o diálogo e ajudar a chegarem num acordo. É preciso desenvolver meios diplomáticos para evitar as guerras e respeitar a vida.

Este não é um tema simples, afinal há muitos fatores envolvidos nos entendimentos e desentendimentos entre os países: poder, disputas econômicas, conflitos anteriores não resolvidos, preconceitos raciais e religiosos, entre outros. No nível individual, está ao nosso alcance desenvolver posturas pacíficas a cada dia. Por exemplo, escutar mais o ponto de vista dos outros, emitir menos julgamentos sobre os outros, encontrar um caminho de entendimento, saber respeitar as diferenças sem levar para o lado pessoal... uma infinidade de alternativas que favorecem a convivência pacífica.

Deixo aqui algumas recomendações de leitura que nos ajudam a refletir sobre a paz e a desenvolver posturas pacíficas, a partir de fontes  científicas, filosóficas e também holísticas ou espiritualistas.


Em busca de sentido, Viktor Frankl (Viena, Áustria 26/03/1905 - Viena, Áustria 02/09/1997)

O autor relata suas experiências e aprendizados num campo de concentração nazista, na 2a Guerra Mundial. Num local onde os prisioneiros sofreram todos os tipos de violência, ele nos fala sobre a importância de termos um sentido na vida, algo que nos motive a ir além e contribuir positivamente na vida dos outros. 

O livro é dividido em duas partes: a primeira, autobiográfica, com suas experiências no campo de concentração, e a segunda, sobre a Logoterapia, abordagem terapêutica desenvolvida pelo autor a partir de sua vivência.

A obra, escrita em 1946, continua atual. Nos traz reflexões sobre as barbáries que o ser humano é capaz e sobre aquilo que o ser humano não pode repetir. Para além disso, destaca a importância dos valores necessários à vida e à boa convivência, e dessa forma, a paz.



Tratado sobre a tolerância, Voltaire (Paris, França 21/11/1694 - Paris, França 30/05/1778, Filósofo francês)

Na obra, publicada em 1763, Voltaire nos conta sobre a injustiça cometida contra Jean Calas, vítima da intolerância religiosa de católicos contra protestantes, na França, algumas décadas antes da Revolução Francesa. É impactante o relato de como Jean Calas foi incriminado injustamente pela morte do próprio filho e o julgamento, em que ele foi condenado à morte de uma forma bárbara, por influência da população católica da cidade de Toulouse.

Leitura atual, considerando os vários conflitos religiosos que ainda acontecem em nossos tempos.



A paz como caminho, organizadora: Dulce Magalhães (Curitiba, PR, Brasil 25/01/1966 - São Paulo, SP, Brasil 06/02/2017)

A autora, pesquisadora da UNIPAZ, foi uma estudiosa da temática da pacificação. Neste livro o leitor encontra uma série de artigos inspiradores voltados para o desenvolvimento de uma cultura e consciência da paz.



Homo Sapiens Pacificus, Waldo Vieira (Monte Carmelo, MG, Brasil 12/04/1932 - Foz do Iguaçu , PR, Brasil 02/07/2015)

Em 2007, o pesquisador da Conscienciologia, Waldo Vieira, publicou este tratado sobre o pacifismo. Para entender a paz, ele discorre inicialmente sobre o belicismo, ainda presente em nosso planeta a partir de fatos históricos e teorias já desenvolvidas sobre o assunto. Ao estudar a evolução da consciência, propõe que a paz seja desenvolvida a partir de cada um de nós, em nosso íntimo, através da superação dos traços bélicos.

Fala que as consciências mais evoluídas são pacíficas e que podemos nos ajudar mutuamente a desenvolver um mundo pacífico através do nosso desenvolvimento e exemplo pessoal. É importante que cada um de nós faça a nossa parte e, dessa forma, inspire os demais.


O livro está disponível em PDF no site da editora: https://editares.org.br/livro/homo-sapiens-pacificus/

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Este é um tema em que poderíamos discorrer por horas a fio ou escrever páginas e mais páginas. Por fim, uma frase do educador, psicólogo e escritor Pierre Weil (Estrasburgo, França 16/04/1924 - Brasília, Brasil 10/10/2008), foi Reitor da UNIPAZ:

"Na realidade não existe nenhuma fronteira em lugar nenhum; todas as fronteiras são criações da mente humana - logo não existem. E é em cima de fronteiras que não existem que se fazem as guerras!" (Pierre Weil, A arte de viver em paz)

Obs.: a obra "A arte de viver em paz" está disponível para baixar no site da UNIPAZ: https://unipazdf.org.br/#baixe-o-livro-de-pierre-weil

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Boas leituras, reflexões e práticas diárias voltadas para a pacificação interna e que contribuam para a paz no mundo em que vivemos! 🙏🌻📚✨

Resenhas de livros e afins

Literatura Infantojuvenil e a Literatura de Aconchego para todas as idades

 O Segredo do Sótão - Gladys Rosa   Entre os livros infantojuvenis publicados nos últimos anos, destaque para " O Segredo do Sótão ...